Visualize uma floresta tropical, alimentada pelo clima das monções do sudeste asiático. Grande, verde, úmida e bela, com montanhas íngremes, rios caudalosos, praias de areia branca e cachoeiras refrescantes – um lugar dotado de uma paz cujo silêncio é cortado apenas pelo ruído de vozes se comunicando em um idioma que você não consegue entender. Poderia ser o destino ideal para umas merecidas férias, mas infelizmente não existem voos para lá, já que este lugar não existe de verdade: estamos falando das ilhas Lingshan, que fazem parte do universo virtual de Crysis.
O cenário do jogo é tão real que chega a confundir os seus sentidos. Por um momento, você quase consegue escutar o zunido dos mosquitos e sentir o cheiro da chuva. Mas o brilho do monitor te traz de volta para a realidade, apesar de você precisar se convencer de que se trata apenas de um game, tal o detalhamento proporcionado pelo motor gráfico do jogo, a CryEngine2.
Mas todo este detalhamento tem um preço: Crysis constrói um paraíso excludente. Apesar do jogo divulgar na caixa que precisa de um computador modesto e placa de vídeo de 256 mb, não pense que você irá desfrutar do jogo com uma configuração tão básica. Mesmo em micros mais novos, Crysis não roda – se arrasta. Colocar os gráficos no máximo, então, é praticamente sinônimo de jogar quadro a quadro.
Mas como um jogo antigo, lançado em novembro de 2007, consegue ser mais exigente que títulos modernos, como Call of Duty Black Ops? Seria falha de programação? Em parte, sim. A Crytek, criadora do jogo, não se preocupou em otimizar recursos – coisa que outras produtoras, como a Blizzard, fazem muito bem, tirando o máximo do mínimo.
Em vez disso, a desenvolvedora do FPS preferiu trabalhar o exagero. Segundo Roy Taylor, vice presidente de relação de conteúdos da NVIDIA, o motor gráfico de Crysis tem mais de um milhão de linhas de programação, 1 Gigabyte de dados de texturas e 85.000 shaders. Não é pouca coisa, e o resultado disso são gráficos incríveis, mas inacessíveis até para alguns gamers hardcore: na época de seu lançamento, não havia computador doméstico que rodasse o game no máximo, e até hoje o jogo é utilizado como teste de desempenho para placas de vídeo.
Apesar de todos estes requisitos, Crysis é um desses jogos que vale o investimento em upgrades: mesmo com os gráficos no médio, o jogo continua impressionando. Ambientes vastos, sem clipping, texturas excelentes, ciclos de dia e noite dinâmicos, efeitos e luz convincentes e cenários muito bem trabalhados: cada folha nos arbustos da ilha é um objeto individual, realmente capaz de bloquear a visão dos inimigos e fornecer cobertura, provando que toda a exuberância da ilha Lingshan é, além de um colírio para os olhos, parte integrante do gamplay.
Com o lançamento de Crysis 2 esperado para amanhã na América do Norte, acreditamos que novamente os computadores serão desafiados a rodar um game tão belo quanto pesado. Se o primeiro Crysis se tornou uma referência de gráficos e exigências de processamento, sua continuação promete impressionar ainda mais graças a nova CryEngine3: de acordo com o produtor executivo Nathan Camarillo, o jogo terá os melhores gráficos já vistos em um jogo de computador. Se a promessa for cumprida, a Crytek terá – novamente – definido o patamar visual dos games para PC.